24 agosto, 2009

O partido das dissonâncias

O PT vem cometendo gafe atrás de gafe. É compreensível que aconteçam alguns percalços com partido governista em véspera de eleição, mas há determinadas situações que a coisa dá sinais de querer degringolar de vez. Um exemplo: Aloizio Mercadante, do PT-SP, divulgou na mídia inteira e inclusive no seu Twitter que renunciaria ao Conselho de Ética e à liderança do PT no Senado. Não contente com isso, nosso presidente entra na história e o convence a desistir, fazendo com que ele negasse o próprio adjetivo que usou para caracterizar sua decisão "irrevogável". Isso só expõe o nível de fragilidade do PT no momento, que ao meu ver é extremamente notável. Um partido como o PT não poderia estar tão fragilizado assim, mas está; e a culpa é sua em grande parte. Quando nasceu, o PT era formado por vários grupos ideológicos que aceitaram se unir com o propósito de não entrar para o governo, só defender seus interesses. Defendiam salários e trabalhos justos, melhor distribuição de renda, enfim, queriam um Brasil decente. Diziam inclusive que eram rígidos, que não fariam alianças, não aceitariam acordos e fariam valer sua vontade com a verdade. Pergunto a você: como você vê o partido hoje? Bem, obviamente se perdeu por completo no meio do caminho. Com a vitória de algumas prefeituras, depois alguns governos de estados, e depois a Presidência, o PT provou do doce veneno do escorpião - e jogou pro alto a máscara de revolucionário. O partido fez inúmeros acordos, muitos ilícitos e imorais. Fez inúmeras alianças, muitas delas por baixo dos panos, e não pra fins muito dignos. Chegaram os banqueiros, os lobistas, os laranjas, os mensaleiros. E o PT se vendeu instantaneamente ao capitalismo que tanto atacou. Obviamente que isso geraria dissidentes, afinal nem todos concordavam com toda bandalheira que existia. E saíram do PT Heloísa Helena, Luciana Genro e Chico Alencar, socialistas agora no PSOL. E saíram os intelectuais também: Francisco de Oliveira, Leandro Konder, Carlos Nelson Coutinho. E agora os ambientalistas (lê-se Marina Silva). E o que sobrou para o PT? Sobraram os sindicalistas: Lula, Mercadante, Dilma... Esses que todos nós conhecemos. Esses que se vendem pra empresários, recebem salários gordos e formam uma espécie de "Clube do Lulinha", onde tratam o voto popular como mero arrebanhamento de gado. Em suma, esse momento é um momento único: um presidente com mais de 80% de aprovação tem um partido fragilizado que gira em torno de si. Daí vem a boa notícia: esse fato é sinal de renovação no ar. God bless a oposição.

3 comentários:

Valéria Sotão disse...

O problema do PT e de qualquer outro partido é que à medida que eles crescem na mídia e no gosto nacional, entram parasitas para se aproveitarem de tamanha exposição. Não procuram saber sequer da história do partido, das ideologias: o importante é se filiar ao partido da vez. E assim entram nos partidos pedreiros mas entram também grandes comerciantes, mentes ambiciosas, susceptíveis ao poder e à corrupção. Enquanto existir esse tipo de mentalidade ("eu vou entrar para a política para ganhar dinheiro e não para mudar alguma coisa") haverá esse tipo de sanguessuga disfarçado de "defensor dos trabalhadores e do proletariado". Triste, mas verdade. Assim como Flávio Dino se finge de comunista. Como pode alguém que já se aliou ao Sarney realmente ser comunista?
Esse negócio de alianças políticas e acordos um tanto suspeitos já tá cheirando a... pizza.

Frank Lima disse...

Defendiam salários e trabalhos justos, melhor distribuição de renda, enfim, queriam um Brasil decente. Diziam inclusive que eram rígidos, que não fariam alianças, não aceitariam acordos e fariam valer sua vontade com a verdade[...] falavam isso apenas porque não tinham o poder ao certo. É fato que o poder corrompe, é fato que as alianças desastrosas fizeram com que o partido se fragilizasse. No entanto, o que realmente tornou o partido assim, foram os que "já" estão nele desde o inicio. Volte ao tempo, veja e faça um comparativo com hoje. São quase os mesmos, alguns saíram porque perceberam tamanha “desgraça” que estava acontecendo ao PT, mas em suma, o joio [infelizmente] não se separou do trigo. Lula beira o colapso ético e moral, e o PT beira a decadência política. Dilma é um retrato de um PT amargurado, [vide rosto e cabelo dela], um PT sem norte. 2010 está bem aí, as alianças estão apodrecendo a legenda, Sarney está ferrando com LULA e o PT, e o que já acontece “há 40 anos no Maranhão” parece que já da sinal nacional. Ótimo texto. Poderia ficar horas a fio escrevendo aqui, [a raiva é notória], mas não quero fazer do meu comentário um longo texto. Abraços e sucesso.

filho de plutão disse...

assim que sentar num lugar com mais tempo, quero comentar com calma teus posts

continue nessa, tu sabes que me orgulho de ti