13 novembro, 2009

2012 catástrofes

O diretor Roland Emmerich é um veterano em filmes de hecatombes planetárias. No seu currículo constam os sucessos  Independence Day, O Dia Depois de Amanhã e o clássico do cinema trash Godzilla. Nada demais, afinal o ser humano tem esse apreço pela "justiça divina", pelas hipóteses de apocalípse. Mas a vasta experiência em filmes de ação do diretor parece não ter lhe ensinado a lição. Se o mundo estivesse acabando, provavelmente um prédio desabaria em você, e pronto. O cinema, ao contrário, dá ao espectador uma espécie de "visão divina" da questão. Emmerich teve nas mãos todas as ferramentas para um filme-catástrofe perfeito. Por um infeliz desconhecido motivo, não o fez.
Em primeiro lugar, vale ressaltar que aquele que vai a um filme-catástrofe normalmente espera ver uma catástrofe. Espera ver cenas de ação bem-feitas, sequencias eletrizantes de efeitos especiais e, acima de tudo, espera ser impressionado. Quando se assiste ao trailler de 2012, se vê a seguinte cena: um monge corre por quilômetros na muralha da China até uma choupana para soar um aviso, mas descobre que é tarde demais, e uma onda gigantesca cobre as montanhas de mais de 8 mil metros, estraçalhando a choupana. Como essa, todas as outras cenas do trailer mostram lugares famosos em pedaços e os desastres mais improvaveis acontecendo. Seria animador, se todas as cenas de ação não estivessem reduzidas ao que se vê no trailer.
Emmerich em uma entrevista a um jornal americano, disse que pretendia não fazer mais um filme de catástrofe, mas uma uma espécie de Arca de Noé futurista. Ao que parece, partindo desse preceito, o diretor enrolou na história uma série de tramas dramáticos totalmente desnecessários. No filme, um cachorrinho se salva, o presidente americano (que é mostrado como uma pessoa perfeita) não quer dizer à filha que não se salvará com ela, o mocinho discute a relação com a mocinha, o bandido descobre a redenção. É óbvio que tem que ter um enredo, com personagens que conduzam o espectador pela história. Mas em plena ação, uma cena de sentimentalismo. Dá a impressão de ser a materialização do famoso clichê de "encher linguiça", da forma mais pura e simples.
No filme, um cinetista na Índia descobre que explosões solares culminarão no fim do planeta. Então uma organização superpoderosa trata de salvar todos os monumentos e objetos importantes, como a Mona Lisa. No meio disso, o escritor Jackson Curtis está divorciado e com seus filhos morando com a ex-mulher. Após pesquisar sobre o fim do mundo, ele acredita que este será em 2012. Quando chega a "data final", o mundo começa realmente a desmoronar e inicia-se então uma caçada pela sobrevivência. Ele pega os filhos e a ex-mulher e fogem, não conseguem vaga em um avião, mas conseguem outro. O namorado da ex-mulher precisa servir de co-piloto. Eles chegam à China, tentam entrar em uma barca para se salvar, mas não há vagas. A mãe então oferece sua vida para salvar a de seus filhos, mas todos acabam entrando.O mesmo enredo de Guerra dos Mundos (2005). Esse enredo já está tão comum, tão batido, que os roteiristas parece nem se darem mais ao trabalho de reler o que escrevem.
Jackson Curtis é interpretado pelo John Cusack, famoso pelas interpretações em filmes de comédia como Os Queridinhos da América. Não só ele como a Amanda Peet, que interpreta sua ex-mulher, demonstram terem levado as fracas interpretações na comédia para a ação. As cenas de romance não colam, e os atores não demonstram toda a sintonia necessária para sustentar o enredo.
No saldo final, todas as boas cenas de ação, aquelas que atraíram os espectadores, são encobertas por essas cenas de historinha pessoal que todo mundo já viu. E com elas, enrola-se, e enrola-se e enrola-se, até o desfecho final. Na hora de reacender as luzes, pode-se pensar: o filme acaba não sendo nem romântico, nem eletrizante. Nem pau, nem pedra. Pelo menos para Roland Emmerich e seus filmes apocalípticos, será o fim do caminho.

08 novembro, 2009

Manipulação Politica ou irresponsabilidade?




Veja uma das questões da prova de Comunicação do Enade, realizado hoje em todo o país. A resposta considerada certa corresponde à letra C. Menos mal.

O ruim: escreveram errado o nome do presidente. O Luiz de Lula é com Z.

Texto: Ricardo Noblat
Foto: http://twitter.com/andreacozzolino

03 novembro, 2009

Fato notável



Qual dos dois tá mais certo? O Lula versão 2009, ou o Lula versão 2000?

02 novembro, 2009

Metáfora da Política, parte 2


A criminalidade toma conta da cidade e a sociedade põe a culpa nas autoridades. O cacique oficial viajou pro Pantanal, porque aqui a violência tá demais. E lá encontrou um velho índio que usava um fio dental e fumava um cachimbo da paz. O presidente deu um tapa no cachimbo, e na hora de voltar pra capital ficou com preguiça, trocou seu paletó pelo fio dental e nomeou o velho índio pra ministro da justiça. E o novo ministro chegando na cidade, achou aquela tribo violenta demais. Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades, e chamou a TV e os jornais, e disse: "Índio chegou trazendo novidade. Índio trouxe cachimbo da paz”. Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta: dizem que é do bom, dizem que não presta. Querem proibir, querem liberar, e a polêmica chegou até o congresso. Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência, porque não é Hollywood mas é o sucesso. O cachimbo da paz deixou o povo mais tranqüilo, mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos. E o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva, prometeu voltar com uma tonelada. Só que quando ele voltou, "sujou"! A polícia federal preparou uma cilada. "O cachimbo da paz foi proibido,entra na caçamba, vagabundo! Vamô pra DP! Ê êê! Índio tá fudido porque lá o pau Vai comer!" Na delegacia só tinha viciado e delinquente. Cada um com um vício e um caso diferente. Um cachaceiro esfaqueou o dono do bar porque ele não vendia pinga fiado, e um senhor bebeu uísque demais, acordou com um travesti, e assassinou o coitado. Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta e ela foi seqüestrada. Era tanta ocorrência, tanta violência, que o índio não tava entendendo nada. Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento e acendeu um "da paz" pra relaxar. Mas quando foi dar um tapinha, levou um tapão violento e um chute naquele lugar. Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu um acidente provocado por excesso de cerveja: uma jovem que bebeu demais atropelou am padre e os noivos na porta da igreja. E pro índio nada mais faz sentido, com tantas drogas porque só o seu cachimbo é proibido? Na penitenciária o "índio fora da lei" conheceu os criminosos de verdade. Entrando, saindo e voltando cada vez mais perigosos pra sociedade. “Aí, cumpádi, tá rolando um sorteio na prisão pra reduzir a superlotação. Todo mês alguns presos tem que ser executados, e o índio dessa vez foi um dos sorteados. E tentou acalmar os outros presos: "Peraí..., vamô fumar um cachimbinho da paz". Eles começaram a rir e espancaram o velho índio até não poder mais. E antes de morrer ele pensou: "Essa tribo é atrasada demais. Eles querem acabar com a violência, mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz". E o cachimbo do índio continua proibido, mas se você quer comprar é mais fácil que pão. Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que mataram o velho índio na prisão.

Essa música foi lançada em 1997.
Doze anos depois, a história se mantém idênticamente repetida. Todo dia. E a culpa, de quem é?