30 dezembro, 2009

Eu sentirei falta do meu amigo 2009

É, 2009... Sentirei saudades de você. Logo você, que foi tão bom comigo, em quase todos os momentos, terá que partir de uma forma tão inesperada? Inesperada porque de sopetão eu acordei para o fato de que o ano já estava terminando. Na verdade o fim do ano é uma data muito significativa, pelo menos por aqui. Eu passo horas pensando sobre o que passou e o uqe poderá vir. Não perco tempo pensando em como deveria ter sido isso e aquilo, afinal, já passou, né? Pra que remoer? E também não fico pensando "nossa, será que vai acontecer isso e aquilo"? Pra que? O que tiver que acontecer, vai acontecer. Eu prefiro refletir sobre o presente. O presente bruto e límpido. Isso inclui o que eu fiz para estar como estou hoje, e o que acontecerá se eu continuar como estou hoje. Assim fica mais simples e preciso o futuro.
Mas na verdade o futuro é incerto demais para alguém se dar ao luxo de tentar saber o que ele reserva. Imagina eu, que mal sei pensar logicamente. Eu acho outra perda de tempo ficar pensando demais sobre pensar ou não no futuro. Na verdade, eu descobri com 2009 que pensar demais não adianta, agir adianta. Um pouco de sorte e bons fluidos universais também ajudam, mas isso não é mais comigo; isso eu deixo pros meus colegas do outro plano.
O fato é que 2009 foi um pequeno grande ano. Foi grande em quesitos, como conquistas, economia e amizade. Mas foi pequeno como amor e amizade. Eu queria ter visto mais pessoas que gosto. Queria ter visto menos quem não gosto. Mas infelizmente por conta da minha indisciplina não deu. Fica para o próximo ano. Se 2009 foi tão bom assim comigo, que 2010 seja como Lula após FHC: seguindo o mesmo caminho.
Deixo então uma pequena mensagem para quem lê. Como bem disse Shakespeare,
A dúvidas são traidoras e fazem perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar. Em 2010, vá mais longe do que você imaginou que poderia ir. Vale a pena.

A música de 2009:

Copacabana Club
Just Do It (tradução)
Você pode fazer uma música, cozinhar sua comida
Limpar sua casa, usar uma tanga
Ser tão rude, ou beijar minha boca.
Você pode furar seu nariz ou costurar suas roupas
Dançar sozinho ou fazer alguns amigos
Formar uma banda ou cantar junto.

Você pode mudar seu cabelo, sua casa, sua vida.
Você pode mudar seu sexo, seus amigos, sua esposa.
Você pode mudar seus tênis, suas calças, seu estilo.
Você mudar sua cara, seus peitos, seu sorriso.

Apenas porque você quer isto
porque você gosta disto, 
porque você quer isto,
não porque você viu.

Apenas mude porque você quer.
porque você gosta,porque você sente.
Apenas mude
Mas não porque você viu isto.

10 dezembro, 2009

A merda sobre a merda

Lula, em passagem por São Luis, disse:
"Eu não quero saber se o João Castelo é do PSDB. Se o outro é do PFL. Eu não quero saber se é do PT. Eu quero é saber se o povo está na merda e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra."

A resposta é simples. Está sim, presidente.
Nunca na história deste país um presidente foi tão verdadeiro em suas colocações quanto Lula foi no Maranhão. Verdadeiro porque, no auge de sua imensa analfabetização, disse que "o bicho vai pegar" aqui na nossa pobre (em qual sentido?) capital. E disse também a frase acima.
O que quase ninguém vai ter coragem de noticiar é que as manifestações do povo foram abafadas. O PAC Rio Anil é repleto de irregularidades,  mutretas, e nuances corruptas. Não sou eu quem diz, são os jornais. Em protesto a isso, o povo pensou em aclamar por visibilidade para o presidente, mas as outras autoridades presentes impuseram a impedimentação.

Lula disse que queria saber se o povo estava na merda. Será se ele saiu daqui sabendo?

Por via das dúvidas, não deixou de tornar pública a diminuta figura eleitoral da tão vigorosa ministra Dilma Rousseff. E prometeu até 1 bi em investimentos! Se ele não tivesse feito essas duas coisas, sua passagem por aqui não estaria completa.

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08 dezembro, 2009

O dia em que meu relógio parou

Quando eu acordei hoje, o meu relógio estava marcando 13:35. Até aí, tudo bem. Me levantei, tomei suco com panetone, tomei banho, almocei (sim, eu tomo café e almoço juntos), e voltei pro quarto. O relógio ainda estava marcando 13:35. Isso me fez pensar: simbolicamente estático, se meu relógio parar, o que eu gostaria de estar fazendo naquele momento?
Trabalhando talvez. Quem sabe eu gostaria que o tempo parasse enquanto eu faço algo que me é prazeroso e útil a outros também, como meu trabalho. Será que isso é um bom momento para parar o tempo?
Ou me divertindo, talvez. Eu poderia querer parar o tempo enquanto  faço algo que pode ser considerado o ápice de todos os fins das atividades: o bem-estar próprio simples e conciso.
 E o Brasil? Será que valeria a pena parar o tempo e registrar um momento como uma eleição, por exemplo? A eleição no Brasil foi conquistada a duras penas, e mantida a  mais duras penas ainda. Pode ser considerado, inclusive, um diferencial brasileiro em relação ào países vizinhos, não pode? Em contrapartida, hoje apanha a duras marteladas. É refém da propaganda política (explícita e implícita). É refém da dominação doutrinatória imposta pela indústria do analfabetismo crítico de 90% dos brasileiros. Ou poderia ser o Movimento dos Caras Pintadas, o último momento que demonstrou o verdadeiro poder que o povo brasileiro possui sobre quem o tenta controlar. Mas que fique claro que, até o momento, foi o último. O povo foi enganado e amordaçado pelo próprio governante a quem confiou todas as suas esperanças. O Brasil tem essa característica irritante: ao se lembrar positivamente sobre um momento, vem automaticamente o contexto negativo em que ele estava inserido, ou foi precedido.
Para o Maranhão, eu nem sei. Tentei pensar em um momento digno de parar o tempo e apreciar, mas não pensei em nada. Só no célebre dia em que os estudantes apanharam da polícia quando Joao Castelo governada o estado. Mas preferi não cogitar parar este momento. Correndo, o tempo mostra muito mais do que este simples dia.
São Luis, então, esta mesma não me enviou momentos memoráveis. Quer dizer, convenhamos, a cidade não vivenciou grandes momentos nos últimos anos. A morosidade, a calma e tranquilidade, a apatia característica de São Luis até intrigam.
Frente a tudo isso, só o que me resta é pensar sobre mim mesmo. Decidi que poderia parar o tempo enquanto tenho o meu sono. Assim fico imparcial em relação aos momentos.
E a conclusão sobre tudo isso? Como já dizia Cazuza, não adianta pensar sobre isso. O tempo não para. Ainda bem.

03 dezembro, 2009

Carta a Ronnald Kelps sobre o cinema


Ronnald Kelps, em seu blog, comentou sobre a importância e os objetivos do projeto/evento Maranhão na Tela, uma mostra de cinema brasileiro fora do circuito comercial, totalmente gratuita, que ocorre em diversos pontos da cidade. Segundo ele, "O principal objetivo – além de contribuir para a difusão do cinema brasileiro – é formar uma platéia critica e sensibilizada para produção, a partir da apresentação de novas referências e da troca entre o público e os realizadores."


Caro Poeta Kelps, concordo totalmente que o público maranhense precisa de (na verdade grita por) mais criticidade e criatividade na produção e análise cinematográfica. Mas o que mata o projeto do Maranhão Na Tela é que os organizadores simplesmente lançaram o projeto, esperando que os maranhenses o aproveitassem. Não aproveitam. Hoje fui fazer a cobertura para o jornal impresso do evento na sede de O IMPARCIAL. Estava sendo exibido lá um ótimo filme sobre Jards Macalé, que confesso não o conhecer, mas adorei sua história. Sabe quantas pessoas tinham ali além de mim? 4. Isso atinge o objetivo do evento? Não.
É preciso ter um impulso propagandístico, um tipo de "dominação" ideológica para que a população entenda o quanto o cinema é construtivo. Em vez de faze-lo, fazem para coisas como Bumba Ilha e Marafolia. Você sabe que há um discurso doutrinatório conduzido pela mídia para levar o povo a esses lugares. O maranhense se acostumou a estar suscetível a essas doutrinações midiáticas, e fica de olho fechado para o que foge disso. O mesmo ocorre com os shows e mostras culturais pela cidade. Muito me entristece, quando visito Curitiba, São Paulo ou Brasília, que o Maranhão seja tão rico culturalmente quanto esses lugares (ou mais) e esteja jogando essa cultura no lixo, não a incentivando como deveria.
Não estou dizendo que foi um erro a "não-doutrinação". Em parte é culpa do hábito maranhense de consumir o imprestável. Mas em parte é pelo meio social que o estado possui historicamente: há anos o estado é negligenciado por parte dos circuitos culturais nacionais. Raramente temos aqui peças teatrais e shows nacionais. Só temos bandas de axé, forró e reggae circulando pelo meio "cultural". O que resulta nisso: quando a cultura vem, ninguém a reconhece como o tal.
Não estou aqui para menosprezar o maranhense, até porque o sou. Só digo o que eu vejo e percebo. O Maranhão só não cresce mais, culturalmente, por causa de seu povo.

A situação é crítica.