08 dezembro, 2009

O dia em que meu relógio parou

Quando eu acordei hoje, o meu relógio estava marcando 13:35. Até aí, tudo bem. Me levantei, tomei suco com panetone, tomei banho, almocei (sim, eu tomo café e almoço juntos), e voltei pro quarto. O relógio ainda estava marcando 13:35. Isso me fez pensar: simbolicamente estático, se meu relógio parar, o que eu gostaria de estar fazendo naquele momento?
Trabalhando talvez. Quem sabe eu gostaria que o tempo parasse enquanto eu faço algo que me é prazeroso e útil a outros também, como meu trabalho. Será que isso é um bom momento para parar o tempo?
Ou me divertindo, talvez. Eu poderia querer parar o tempo enquanto  faço algo que pode ser considerado o ápice de todos os fins das atividades: o bem-estar próprio simples e conciso.
 E o Brasil? Será que valeria a pena parar o tempo e registrar um momento como uma eleição, por exemplo? A eleição no Brasil foi conquistada a duras penas, e mantida a  mais duras penas ainda. Pode ser considerado, inclusive, um diferencial brasileiro em relação ào países vizinhos, não pode? Em contrapartida, hoje apanha a duras marteladas. É refém da propaganda política (explícita e implícita). É refém da dominação doutrinatória imposta pela indústria do analfabetismo crítico de 90% dos brasileiros. Ou poderia ser o Movimento dos Caras Pintadas, o último momento que demonstrou o verdadeiro poder que o povo brasileiro possui sobre quem o tenta controlar. Mas que fique claro que, até o momento, foi o último. O povo foi enganado e amordaçado pelo próprio governante a quem confiou todas as suas esperanças. O Brasil tem essa característica irritante: ao se lembrar positivamente sobre um momento, vem automaticamente o contexto negativo em que ele estava inserido, ou foi precedido.
Para o Maranhão, eu nem sei. Tentei pensar em um momento digno de parar o tempo e apreciar, mas não pensei em nada. Só no célebre dia em que os estudantes apanharam da polícia quando Joao Castelo governada o estado. Mas preferi não cogitar parar este momento. Correndo, o tempo mostra muito mais do que este simples dia.
São Luis, então, esta mesma não me enviou momentos memoráveis. Quer dizer, convenhamos, a cidade não vivenciou grandes momentos nos últimos anos. A morosidade, a calma e tranquilidade, a apatia característica de São Luis até intrigam.
Frente a tudo isso, só o que me resta é pensar sobre mim mesmo. Decidi que poderia parar o tempo enquanto tenho o meu sono. Assim fico imparcial em relação aos momentos.
E a conclusão sobre tudo isso? Como já dizia Cazuza, não adianta pensar sobre isso. O tempo não para. Ainda bem.

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