19 maio, 2010

Pequena opinião sobre a Copa e o mundo


Toda vez que um lugar vai sediar um grande evento, esse lugar vira modinha. Agora é a África do Sul. Praticamente todo canal de TV a cabo que não seja de filme tem alguma coisa especial sobre a África (até canal pornô tem). Nesses três dias que compuseram essa semana, já assisti pedaços de vários no GNT, no National Geographic, no Globo News, e no Discovery. Agora mesmo acabei de assistir uma reportagem no Saia Justa (GNT) sobre mulheres casadas na África do Sul. E todos eles tem algo em comum: embora tentem passar a parte bonita da África, as belas paisagens, a fauna rica, etc, sempre vem a pobreza. Claro, afinal a pobreza de lá não é nada assim tão insignificante... 
Mas certos "tipos" de pobreza chamam a atenção nessas reportagens. A que eu acabei de assistir no GNT falava sobre a poligamia, ou seja, em partes da África do Sul o homem é casado com várias mulheres, que convivem harmoniosamente na casa, se revezam pra fazer o trabalho doméstico. E, no dia, ele tem que transar com aquela que trabalhou. E elas falam isso naturalmente, sabe? Até riram da cara da repórter quando ela disse que poligamia no Brasil é proibido. Mas disseram também que o marido não dá NADA pra elas: não dá roupa, não dá presentes, não dá dinheiro. Nada. Elas tem que conseguir tudo. Elas fazem a própria roupa, elas vão comprar comida com o dinheiro do marido, elas vão cozinhar, elas vão comprar os remédios delas, elas vão comprar as coisas que elas quiserem. Com que dinheiro, eu não sei. Mas elas disseram que compram. E falam isso com muita naturalidade.
Já tinha assistido outras coisas parecidas. Em certas "cidades tribais", se a mulher não tiver o clítores decepado, ela é uma traidora. É um ritual obrigatório. Se fugir é uma coisa horrível pra família. E a mulher ainda é vista como frágil e "domesticável" pelo marido e pela família. E não só a mulher: os homens tem que dar um monte do que tem pra o chefe da religião da tribo. E tem que participar de lutas, eventos sociais degradantes, um monte de coisa estranha. 
Eu digo é mesmo! Coisa estranha!
Aí vem na cabeça toda aquela questão de relativismo cultural, de "enxergar o outro com neutralidade", de "não julgar o outro pela minha cultura", de "não individualizar a minha opinião como se tudo que eu acredito e vivo fosse o correto e ponto final".
Mas convenhamos: uma sociedade onde a mulher é maltratada, mal-comida, dividida, fica ao relento, ainda tem que se subjulgar ao marido, e sem dinheiro nem direito legal nenhum, nem à saúde, é pra ser relativo?
Uma sociedade com uma religião louca que subverte os crentes à situações moralmente degradantes, lhes toma o que tem, obriga-lhes a decepar partes do corpo e pune severamente aqueles que ousam questionar qualquer coisa que seja, é pra ser relativo?
Um lugar que não tem estado, que não tem lei, e que os próprios cidadãos não podem pensar em criar algo parecido porque estão ocupados demais passando fome, necessidades, estão doentes e morrendo, é pra ser relativo?
Pior: todos achando isso altamente natural!

Desculpem, antropólogos. Mas a sociedade ocidental é mais civilizada e avançada, sim. E eu me sinto orgulhoso - e aliviado - de fazer parte dela.

2 comentários:

Ana Áurea disse...

sinceramente?sinceramente?não acho que a gente esteja tão mais civilizado que eles assim não.como já diria nossa musa Waleska popozuda, 'fiel é o #########, você é empregadinha' pras mulheres brasileiras, pq poligamia existe aqui tambem (só que se chama infidelidade) e nós mulheres temos que dar nosso grito de liberdade day-by-day.liberdade econômica, liberdade social...toodo tipo de liberdade e temos que nos vestir bem, sorrir e ficar linda e absoluta esperando o sr. príncipe encantado que provavelmente é todo cheio de defeitos...justsaying

Anônimo disse...

Qual pobreza é insignificante? A tua de espiríto, né? Nossa, texto cheio de equívocos, por dadá!