28 julho, 2010

O Rio é aqui

Texto publicado em O Imparcial no dia 29 de julho de 2010.
Daniel Fernandes

Hoje (28), durante a apuração de uma matéria sobre a inundação no Campo das Malvinas, no Sá Viana, acompanhado do motorista Deyvison Oliveira, eu tive um revólver de cano longo apontado para a minha cabeça no meio da rua por um grupo de meliantes. A via era a Rua Professor Nascimento de Moraes, por volta das 16:30. Estacionamos o Gol vermelho em uma das esquinas da rua, que é larga e com a presença de um número considerável de pessoas. Adentramos uma das travessas para falar com os moradores que foram atingidos pelas águas da barragem. Enquanto entrevistávamos, um morador desconhecido, baixinho e com feições idosas, perguntou de quem era o carro. Quando o motorista respondeu que era nosso, o morador nos avisou: “Eu não sou amigo de bandido. Vocês tenham cuidado, que ele vai ser arrombado”.

Deixei a minha entrevistada, a moradora Maria do Rosário, e fomos direto para o carro, que estava a menos de 100 metros de nós, mas não estava à vista. Ao chegarmos perto do veículo, o grupo de meliantes estava ao lado. Um deles, de sopetão, puxou a minha camisa, meteu o braço em um pedaço de mangue que estava perto para tirar o revólver e direcionou-o para mim. O meliante pediu para “passar os aparelho tudinho”. Um outro integrante do grupo puxou do meu bolso meu relógio e meu gravador iPod, com o qual gravo as falas dos personagens para compor a matéria. Do motorista Deyvison, levaram o celular corporativo. Logo após, correram.

Após chegar ao jornal de volta, liguei para o comandante do policiamento metropolitano da Polícia Militar, Jefferson Teles informando o que ocorreu. Ele disse que imediatamente mandou viaturas para o local. O caso foi registrado no Plantão Central da Reffesa.

O mais surpreendente é a inércia dos moradores perante a situação. A rua em que estávamos não é povoada por casas de pau-a-pique. É toda composta por casas de tijolos. É relativamente larga e não estava deserta. Enquanto levantei e fui até o carro, olhei em volta. Vários moradores observavam a cena: senhoras, crianças, idosos, adultos. As expressões não eram de medo ou surpresa. Agiram como fariam em qualquer outra atividade rotineira. Sem surpreender-se.

Um comentário:

Anônimo disse...

Relato interessante, mas, cuido com algumas coisas. Tu és jornalista e jornalista não apenas noticia ele ajuda na reiteração de processos, de papéis e posições socais.